ie Likely Dark: January 2006

Sunday, January 29, 2006

A PERFEIÇÃO SUPREMA

Vou colocar aqui um trecho do livro que estou lendo, o TAO TÉ CHING, de Lao Tsé. Fala sobre criatividade e perfeição, por isso eu acho que vem a calhar num blog que fala tanto de arte. Quem gostar pode dar uma olhada no blog do Hugo, também coloquei um outro trecho desse livro lá.

A PERFEIÇÃO SUPREMA

"O Céu e a terra são imperecíveis
Se são imperecíveis é porque não dão vida a si mesmos.
E assim sendo, têm longa duração.
Por isso o sábio coloca-se em último lugar e chega na frente de todos.
Quando esquece suas finalidades egoístas
Conquista a perfeição que nunca buscou."


Comentário de Murillo Nunes de Azevedo:

Duas grandes idéias estão aqui definidas. Torna-se imortal, vive para sempre, aquele que é desapegado, altruísta. O Tao Té Ching pode ser considerado o livro básico da criatividade. Nele estão claros todos os princípios fundamentais da eclosão do poder criador na criatura humana. O verdadeiro artista é aquele para quem a obra não tem importância. O importante é o momento da criação, quando completamente receptivo ao Tao, que se manifesta através do instrumento que utiliza, ele consegue transpor para o tempo algo que é atemporal. Longe dele deve estar a idéia de perfeição, de valor, de meta a atingir, pois no instante em que nasce esse pensamento, a rigidez se manifesta e surge a imperfeição. Não há o que buscar! Não há o que ansiar! Não há de que fugir! O reconhecimento deste fato primordial que desconhecemos nos dá a percepção do que é.


Obs: "Tao: palavra hermética, intraduzível, que alguns, aventurando-se a romper os seus véus, denominaram Lei, Norma, Religião, Dever. Tao é tudo isso e muito mais. É o curso dos astros nos céus, o correr dos rios na terra, o cantar dos pássaros, o cair da tarde, o último suspiro. (...)a linha de menor resistência entre dois pontos e a que se vê quando a chuva cai na montanha e as gotas d'água vão a procura do vale, seguindo um caminho que reflete sabiamente o menor esforço. Tao é o percurso do raio entre duas nuvens carregadas de eletrecidade, que se aproximam até que salte a centelha em busca do equilíbrio. O raio é tortuoso, inesperado, pois seu itinerário reflete sempre a sabedoria de uma linha de menor resistência, que é a função da configuração do momento".

Abraços