ie Likely Dark: Review do Show do Ozzy

Friday, April 11, 2008

Review do Show do Ozzy


Review do Show Black Label, Korn e Ozzy


Black Label: Celso e Luca, esse fica com vocês. Quando eu cheguei já tinha começado.


Pouco depois do BLS, subiu no palco o grande disparate da noite: o Korn. Banda norte-americana nascida do surto epidêmico de New Metal lá pelos idos de 2002, o Korn é um resquício de uma moda passageira esquecida. Apesar de ainda ter uma certa quantidade de fãs, não se trata de um grupo que integrou o elenco da noite de maneira eficaz, mas que, sem dúvida, serviu de um bom intervalo de descanso pro Zakk Wylde e para o pessoal menos modernoso.
Apesar do peso das guitarras e da energia de Jonathan Davis (que se apresentou com um saiote camuflado que deve ter feito o pessoal da pista VIP se arrepender do dinheiro que gastou), as passagens estilo hip-hop entornam o caldo. Os caras chegaram a apelar para “We Will Rock You”, do Queen, para levantar a galera, o que acabou sendo interpretado por muitos como uma ofensa ou prova de que a banda não tem repertório. Nessas circunstâncias, não foi nenhuma surpresa ouvir os gritos incessantes de “Ozzy! Ozzy! Ozzy!”.
Depois do mais que aguardado encerramento do Korn, uma certa ansiedade já pairava na platéia. E o delírio veio à tona quando o Madman começou a brincar com o pessoal, antes mesmo do show começar. “I´m heeeere!”, disse o ex-Black Sabbath, provocando o público. Ele mesmo começou a puxar os coros de “olê olê olê”, que a galera terminava, cantando “Ozzy! Ozzy!”.

Depois de alguns minutos, eis que começa a apresentação de um vídeo no qual Ozzy contracena com atores de vários seriados e filmes. Destaco o pedaço em que ele enfia a cabeça debaixo da saia da rainha Elisabeth, do filme “Queen”, fazendo movimentos de vai-e-vem, mas também tiveram momentos hilários de Lost, Família Soprano (com direito a um consolo enorme), Dancing with the Stars e outros.
Depois os PA´s começaram a bombar a clichezíssima cantata Carmina Burana, de Carl Orff, e logo Zakk Wylde começou a despejar os violentos riffs de “I Don´t Wanna Stop”, do novo “Black Rain”. Naquele momento, todo mundo percebeu que teria que dividir a própria vida em duas fases: a.O. e d.O: antes de Ozzy e depois de Ozzy.
Em seguida, após pedir pra platéia enlouquecer, Ozzy ataca de Bark at the Moon, clássico consagradíssimo da carreira solo do Madman.
Logo após veio a maníaca “Suicide Solution”, que também ligou a platéia no 220V. Nesse ponto, já era notável a presença de palco do baixista Blasko, que dava piruetas, bangeava e fazia caretas. Ozzy também aproveitou pra jogar baldes e baldes de água na platéia e ainda mostrou seu heavy traseiro. Já o implacável Zakk Wylde gastou a energia que ele poupou no show do BLS, andando pra lá e pra cá, fazendo cara de mau e curtindo as músicas. O único meio apagado foi o batera Mike Bordin, mas ele fez bem sua parte.
Depois, veio o indefectível órgão de “Mr. Crowley”, outro clássicaço. Foi muito legal ver o Ozzy com os olhos fechados e mãos abertas na introdução, como se estivesse num êxtase espiritual. Seguiu a pesada “Not going Away”. Foi aí que Ozzy perguntou se a platéia queria uma música do Black Sabbath. Quando a platéia foi ao delírio absoluto, Ozzy ficou se perguntando, satírico: “Qual delas eu deveria tocar!?”.
A resposta na guitarra e na bateria foi “War Pigs”. Foi um momento bem mágico ouvir essa música, pra mim só comparado ao show do Dave Lee Roth do Live n´Louder, quando ele cantou “Jump”.
Depois veio “Road to Nowhere”, quando Ozzy disse que o público, na música seguinte, deveria ficar muito, muito louco. Era “Crazy Train”, com uma animação de um esqueleto doido num trem desgovernado rolando no telão. Assustador.
Nesse momento, Zakk Wylde começou a sujar as guitarras com sangue. Daí surgiram várias versões: 1) Ele realmente teria se cortado, mas estava tão bêbado que nem sentiu dor (ele é famoso por nunca estar sóbrio em turnês e shows). 2) Ele teria se cortado de propósito com um abridor de garrafas, só pra aparecer. 3) Sangue falso, pra aparecer também.
Pessoalmente, num dos closes, eu me lembro de ter visto um pedacinho dançante de pele solta ensangüentada que descarta a terceira opção. Após a “Crazy Train”, o cara fez um solo que até agora eu não sei se foi bom, porque eu fiquei me perguntando como é que ele ainda conseguia tocar com tanto sangue escorrendo. Pra falar a verdade, até fiquei com medo de ele virar pro chefe e dizer que não ia agüentar mais, e cancelarem o resto do show. Mas ele nem fez careta, e tocou tudo direitinho.
O show continuou com o bumbo de Mike Bordin, soando lento e mecânico, revelando que a próxima música seria a brutal “Iron Man”. Outro momento histórico, que ninguém ali vai esquecer jamais.
Zakk Wylde continuava sujando guitarras, e detonando em “I don´t Know” e na indispensável “No More Tears”, encerrando o primeiro ato do show com “Here for You” (que, apesar de bonitinha, foi uma música meio dispensável: acho que ninguém se importaria se ele tocasse “Perry Mason” aqui, ou mesmo “Over the Mountains”... até “Crazy Train” de novo tava valendo) e “I Don´t want to change the world”.
Nesse momento, Ozzy disse uma coisa que fez todos ali se sentirem divinificados. Ele disse “God Bless You All”, ou seja, “Deus os abençoe”. Particularmente, eu me senti abençoado. Não é todo dia que uma lenda do metal diz isso pra mim.
O bis começou com "Mama I´m Coming Home", outra música linda e indispensável nos shows, e talvez um dos maiores hits comerciais do madman.
Alguém tinha alguma dúvida de que a última música seria “Paranoid”, cantada em uníssono pela parcela da platéia que não estava se socando até ficar roxo e pulando até ficar azul? Sim, Zakk Wylde (ainda firme e forme) mandou o riff eternizado no álbum de mesmo nome, e todo mundo enlouqueceu.
E aí as luzes se apagaram novamente, os PA´s continuaram soando mais baixos essa ou aquela música do velho Madman, a banda reverenciou o público... Pois é... Game Over. O Ozzy ainda abençoou a platéia novamente, e despediu-se de seu jeito doido e caloroso, avisando que era bom voltarmos pra casa direitinho, pra ele poder chutar nossas bundas denovo. E o monstro do pântano albino do Zakk Wylde atirou um amplificador no público. Já pensou: você chama seus amigos na sua casa pra mostrar um amplificador do Zakk Wylde com uma legítima mancha de sangue Wyldeana!? Provavelmente esse item será amaldiçoado, porque eles vão te matar pra roubar o ampli, e depois um vai matar o outro até que sobre apenas um, com o "precious" amplificador.
Acredito que o ingresso caro tenha valido a pena pra todo mundo (exceto aqueles que tiveram que ver o saco do Jonathan Davis, é claro), porque o show realmente foi ótimo. O triste foi ver depois o pessoal que não entende inglês reclamando que aqui não é “Fuckin´ Rio”, quando o Ozzy dizia “I Can´t Fuckin´ Hear You!”, algo como: “Caralho! Não estou ouvindo vocês”. Fazer o quê?