ie Likely Dark: Absurdo...

Wednesday, May 11, 2005

Absurdo...

Na África existe um costume de muitas tribos que está ameaçando a existência dessas comunidades pelo fato de disseminar a AIDS. Esse hábito, chamado de "purificação sexual" ou "purificação das viúvas" consiste em obrigar a recém-viúva a ter relações sexuais com algum parente do falecido esposo. De acordo com a cultura dessas tribos, isso quebraria o vínculo do espírito do falecido com a Terra e eliminaria a possibilidade de assombrações malignas sobre a vila.
Cultura é cultura, e não cabe a mim julgar essas crenças, mas acho que a minha cabeça não foi a única que acusou as palavra "estupro", "violação de direitos" ou qualquer coisa do tipo.
Mas existem pessoas contraindo AIDS e morrendo disso, e os líderes tribais insistem na crendice, quando existem outras maneiras rituais muito mais singelas, corretas e não invasivas de purificar a viúva (como saltar uma vaca ou o corpo do morto duas vezes).
Existe até uma profissão de purificador, como opção à um parente do marido.
Alguma citações do purificador Schisoni:
"Se não fizermos tal coisa, a viúva desenvolve a síndrome da inchação, fica com diarréia e morre, e os filhos também adoecem e morrem", explica, sentado sob um ramo de folhas de tabaco colocadas para secar. "As mulheres que seguem o ritual não morrem".

Ele insiste que não pode usar camisinha.

"Isso provocaria outros espíritos desconhecidos", explica. Ele também se recusa terminantemente a fazer exame de Aids. "Nunca fiz e não pretendo fazê-lo", garante.

Schisoni conta que para se proteger evita aquela viúvas que estão nitidamente doentes. Quando lhe dizem que até mesmo as viúvas que parecem perfeitamente saudáveis podem transmitir o vírus, Schisoni sacode a cabeça. "Não acredito nisso", afirma.

Algumas citações das mulheres:
"Eu chorava, lembrando do meu marido", conta Fanny Mbewe. "Quando ele acabou, saí de casa e me lavei porque estava com muito medo. Fiquei preocupada com a possibilidade de contrair Aids e morrer, deixando os meus filhos sofrendo".
"Aprendemos isso ao nascer. E as pessoas se perguntam por que deveríamos mudar", diz Monica Nsofu.
"Me senti humilhada", conta Paulina Bubala. "Mas não havia nada que pudesse fazer para resistir, porque queríamos estar purificadas na terra do chefe".
"Estamos lhes dizendo que se continuarem com tal prática, não sobrará ninguém nas vilas", diz Nsofu. Ela cita pessoas que, como ela, se recusaram a ser purificadas e mesmo assim estão perfeitamente sãs. Dezesseis anos após a morte do marido ela argumenta: "Ainda sou eu mesma".
"Gostaria que tais práticas mudassem", conclui Fanny.