ie Likely Dark: Tudo vale a pena, se a alma não é pequena...

Friday, April 08, 2005

Tudo vale a pena, se a alma não é pequena...

Ele olha pela janela. O inimigo se alinha, preparando-se para o ataque. Ele afia a lâmina da espada, e mais uma vez, encara o oceano de fúria que pretendia engolí-lo, como um pescador solitário encara uma tempestade.
"Meu Deus, eles são tantos..."
Seus companheiros suavam como se o próprio corpo chorasse pelas últimas horas. Eram poucos, mas bravos guerreiros. Todos tão apreensivos que ele tinha vontade de defendê-los. Mas não poderia.
Tudo que podia fazer ele fez. Poliu e afiou as lâminas. Incentivou os colegas. Insultou os inimigos.
Agora, só resta a decisão.
Os portões do castelo se abrem.
Ele desembainha a espada com sua habilidade excepcional, e urra como um urso feroz acuado.
E mergulha no tilintar dos gládios.

Será que ele sobreviverá?
Será que valeu a pena?
Mas o que vale a pena, afinal?

As pessoas passam a vida procurando algo pelo que valha a pena viver. Alguns dizem que o que vale é o caminho em si. Outros dizem que o é que você aprende ou vive durante o caminho. Outros ainda, que o caminho só começa depois que se encontra esse algo.

Mas os únicos que podem tirar o balanço das próprias vidas somos nós mesmos...
Apesar de não ter compreendido muitos dos aforismas de Nietzsche, acho que o que mais me marcou foi um que pregava a individualidade, a busca dos próprios valores.
Ou mesmo Protágoras:"O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são".

Algumas pessoas teimam em ver o valor nas coisas que as pessoas famosas dizem. Na minha opinião, de tudo que vemos, lemos e percebemos, deve-se extrair o que nos interessa e montar nosso próprio mosaico de conhecimentos.

Cada pessoa é a medida da própria vivência. Até mesmo na religião: a pessoa deve conhecer o que cada religião prega e extrair o que acha benéfico ou venéfico à própria existência, montando sua própria definição de religião.

O personagem da história não sobreviverá à batalha. Será que a vida dele valeu a pena? Não sei. Só ele poderia dizer. E não adianta imaginarmos a resposta, pois ele seguiu o próprio caminho e só ele conheceu os obstáculos que enfrentou e as frutas doces que colheu das árvores que rodeavam sua trilha. Tudo o que nos resta é aprender com ele e lembrar de sua coragem e do que ele nos fez viver.

Abraços

Ricardo